quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

O sonho acabou


Zé do pão despertava antes do galo. Virava a madrugada forneando, curtindo sua fama de melhor padeiro do bairro. De manha, trocava de turno com Juvenal, que além de colega de trabalho era seu afilhado recém-chegado da paraíba. Porem a dobradinha familiar no serviço não funcionava bem, o garoto não aprendia os macetes do forno e literalmente vivia queimando a rosca. O patrão dava chilique, mas mantinha o incompetente por causa do padrinho e suas horas extras.
Em casa quem mandava era Henriqueta, que vivia com a macaca e descontava as frustrações nos dois trabalhadores. Zé não dava importância ao mau humor da esposa, marido devotado nem ligava quando os amigos insinuavam que era piru caseiro, longe das bagunças e cachaça cultivando seu sonho de voltar para o nordeste, abrir padaria e virar emergente no lugar onde repousa seu coração.
Como fofoca pouca é bobagem logo pipocou na vizinhança o boato que Zé do pão era Zé do chifre, diziam que quando ele saia para batalha o afilhado o substituía no leito.
Verdade ou mentira o couro comeu numa tarde de domingo. Não se sabe quem contou muito menos quem folgou o certo era que pelos gritos os três se encontravam dentro do barraco. Era um barulho de coisa quebrando, palavrões cabeludos. A legião de fofoqueiros foi se formando para ver o desastre. Dez minutos se passaram e foge pela janela Juvenal, disparando morro abaixo. Os presentes não tiveram tempo de comentar o fato de o safado sair ileso quando o próprio Zé do pão aparece, cabeça sangrando da paulada, fita o povo assustado e desce na mesma carreira.
Vai para o quinto dos infernos veado velho!!!!!!!
Grita da porta Henriqueta, indignada depois de pegar na cama os dois padeiros de saliência.