segunda-feira, 28 de março de 2011

Muito romântico

Se eu fosse presidente do Brasil mandava matar todos esses indivíduos que ficam vagando de bar em bar oferecendo aquela florzinha para o casal. Acho que é a típica situação em que todo mundo se fode, se você nega não é romântico, se compra é cafona e a coitada da mulher constrangida não sabe onde enfiar a flor nem a cara se for presenteada. O pior é que isso acontece no momento mais covarde possível, não dá tempo de correr, é dramático quando você percebe a presença do inimigo se aproximando e fazendo as primeiras vitimas, sempre em posição estratégica, de modo que ir ao banheiro parece fuga, plano obvio que acaba frustrado. Vendedor de flor de boteco é igual à abelha no caldo de cana, afasta um e surgem vários, por todos os lados, todas as cores, rosas, amarílis, antúrios. Um jardim de pernas movido pelo ódio que sua rejeição criou com uma missão bem mais pessoal, broxar de uma vez por todas seu encontro.

terça-feira, 1 de março de 2011

A lira do delírio


Karina seguiu intrépida a multidão contente. O centro curtia a euforia da festa pagã. Gelo de escama, cerveja quente e até um chapéu panamá roubado na muvuca. Assim saiu o escravos, único bloco capaz de fazer o executivo trocar o terno pela roupa de piranha e cair na gandaia pela rio branco tomando chuva de ar condicionado. O alívio estava contido na caipirinha, tanta gente, tantas possibilidades descendo com Karina. O tumulto carrega seu corpo, mas ela não pertence, não repara na marchinha, seu silêncio é impenetrável, sua fantasia de odalisca é obscena, atrai olhares porém as lagrimas nos seus olhos espantam na mesma velocidade.
Não poderia existir vilã pior, uma entidade mais ferina que bate bola ensandecido. O carnaval fechou as portas para Karina que indiferente sumiu na praça quinze a bordo da velha barca deslizando pela Bahia de Guanabara. Não deixou saudade, nem mesmo curiosidade. Karina triste cometeu um erro fatal. E não foi culpa da fantasia, nem da ousadia, vacilou feio por não saber em que parte do caminho esqueceu sua alegria.