terça-feira, 30 de agosto de 2011

A fila anda!!



José Pedro era um cara esquisito, vivia escravo do que iriam pensar dele, até que o amor traiçoeiro lhe pregou grande peça e se viu caído por Sofia, a loba do 1205.
Tudo começou no elevador, trocaram olhares de desejo, ela convidou para ajuda-la com as compras e solícito, foi parar na caverna do dragão de onde já saiu namorando.
O garoto com seus vinte tarados anos apreciou seus ares de homem da casa, era uma mulher bem-sucedida, morava sozinha na cobertura do prédio, defensora pública de foto no jornal e motorista na portaria. Apesar do glamour era feia de tirar dente de leite de criança, na idade não passava dos cinquenta, mas na feiura ganhava mais uns trinta anos de lambuja. Porem romântica e bem remunerada a coroa lhe dava de um tudo e lhe colocava no céu com seu fogo contido.
Como nem tudo na vida fica entre quatro paredes, o rapaz levou um banho de água fria quando soube que estava sendo conhecido na galera como Pedro da velha. Não bastando o vulgo desagradável ainda gemia de vergonha toda vez que desfilava de mãos dadas pelo condomínio (gesto exigido pela amada que pagava as contas).
Daí, na sua cabeça influenciável começou a questionar o namoro. Rodou a baiana e decidiu diminuir o ritmo da relação. Insultada com a atitude que lhe colocava no patamar de amante, Sofia colocou o moleque porta afora. Apesar do susto, Pedrinho saiu confiante, afinal de contas era jovem e bonito, sentia no íntimo que ela dançaria conforme sua música com o tempo. Para apimentar o drama o malandro passou uma semana febril na casa da avó. Até que seu peito transbordou de saudade e retornou.
Guardava no íntimo que quando ela o avistasse se atiraria aos seus pês pedindo para voltar. Só que o destino, brincalhão e zombeteiro aprontou uma das suas, com um banho de loja e ego inflado Sofia resolveu seguir o dito popular que a fila anda e apareceu no pedaço com seu novo gatão, mais novo, mais belo e proprietário de um carro zerinho que segundo as más-línguas era o presente que reservara para o primeiro mês de namoro com Pedro.

terça-feira, 9 de agosto de 2011

O rei da noite


Ficou fosco o brilho da noite carioca! Não estou aqui para condenar a truculência que culminou no óbito, covardia desmedida, tiro nas costas, sensacionalismo que não merece gastar palavra, deixo isso para vender jornal e elucidar o caso. O bom mesmo é falar da euforia, vibração, elementos que nunca faltaram para Marcelo, um cara folclórico, conhecido, querido, principalmente por aqueles que sabiam se divertir, viver bem. Acordei com o susto da notícia, o sábado de dia azul ficou cinza, a morte chegou de maneira bruta, fez por um momento a vida parecer tão pouco. Porém foi um ledo engano, esse cara soube bem como levar a sua, saboreando cada minuto.
Nessa época em que sofremos uma epidemia de depressão, Bicudo doava alegria, agregava amizades, reunia gente, amava isso tudo. Era um bando social, comandado por um maestro amador que capitalizava carinho, calor humano. Sua morte bruta não apaga a graça da sua existência, essa eterna festa que fazia da vida. Muita gente se divertiu com essa figura que não discriminava classe, cor ou opção sexual. Gostava de gente e enquanto tiver uma alma viva curtindo uma night, um domingo de sol com praia lotada, vai existir Marcelo Bicudo na memória, deixando seu espirito eterno.