quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Que bela amizade!!!


Edil Pacheco Coroa!?!?
Lembro das gargalhadas na sala de aula quando o professor pronunciava esse nome na chamada. O dono não aprovava, também não podia brigar com todo mundo apesar da fama de mau. O colégio noturno reunia os piores elementos, desde o cara que cagava na lixeira da classe até o terrorista que explodia bebedouros. Uma mistura de hospício e puteiro, ultima parada antes do abandono escolar total. A figura de nome engraçado aprontava com Deus e o mundo, se fingia de manco para ter gratuidade no ônibus, roubou o caixa da cantina e foi aprovado sem provas finais quando soube que o diretor afeminado tinha um fraco por alunos carinhosos. Criei certa simpatia pelo doidão que me chamava de maluco, apesar de todo cuidado, naquele ninho de rato um descuido e ia embora sua carteira.
Terminei o supletivo e perdi a peça rara de vista, com planos de fazer direito penetrei junto com a turma de um amigo que cursava numa visita a delegacia, sendo mais claro, a uma carceragem.
Fomos atenciosamente alertados a não dar assunto aos presos e formando grupos de dez, os estudantes foram adentrando o corredor fúnebre onde ficavam as celas. O povo saia chocado com o pedaço de inferno. Na minha vez cheguei a hesitar, mas tomei fôlego e fui. Era um depósito de gente, mal iluminado e fétido onde feras mal-encaradas faziam as grades parecer volúveis. Já me sentia aliviado por estar perto da saída quando ouvi aquela voz familiar.
-tá fazendo o que aí maluco???
Era simplesmente Edil Pacheco Coroa, dividindo um cubículo de oito por oito com umas vinte cabeças. Fingi que não era comigo e sai de fininho. Não imagino que raio de confusão aprontou para estar ali, mas sabia que seu jeitinho brasileiro de resolver as coisas não poderia acabar bem. Fora da gaiola humana, constrangido expliquei para os universitários minha velha amizade e desisti de direito.

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