sexta-feira, 6 de agosto de 2010

The Show Must Go On


Quando o barulho abraça a madrugada surgem os verdadeiros donos da noite. Músicos que vão do rum barato ao doze anos matando a sede no sereno. Distantes do glamour das gravadoras, nem por isso estrelas menores dessa enorme constelação, pois se valem da mesma força avassaladora de sedução. Arte que invade tanto o boteco remoto onde se apresenta para dois bêbados como na boate lotada onde são consagrados por alguns instantes. Bolso vazio, corações inflados, arrepiados com a reação do público que canta junto e viaja na melodia. Brigam pela classe contra a casa de show que cega pelo capitalismo remunera indevidamente seu talento, porem reconhece nela uma vitrine necessária na exposição. Intrépidos trocam sem barganha sua saúde pela alegria daqueles que precisam de um pouco de fantasia. Despertam paixões, colecionam amores, na eterna busca do melhor, do ao vivo, tão perto do povo que sentem o hálito da euforia.
Quando a noite acaba, os ciganos involuntários do ofício desmontam o palco, toneladas de caixas e fios, viola no saco. Hora de encarar a rodoviária deserta, os óculos escuros escondem olheiras profundas e em alguma pousada da vida adormecem ocultos, recompõem energias para despertar ao primeiro sinal de crepúsculo e começar tudo de novo, afinal o show tem de continuar.


Em homenagem a algumas estrelas desta constelação como Leo Barreto, Marcão Nunes e André Amon

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