quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Mea culpa



Quando cursei o primeiro ano do segundo grau conheci Horácio. Não era o dinossauro verdinho dos gibis de Maurício de Souza, sim uma menina da classe que possuía cabeça oval e olhar carente. No meu imaginário nocivo de moleque, criei o personagem vivo. Apesar do ódio da vítima ganhei a aceitação da turma que sentava na parte de traz. Virei um ídolo pop escolar, fumava cigarro nos corredores, passava as aulas falando gracinha. Na hora da prova o zero foi quem mais sorriu para mim. Fim das contas no meio do ano à garota deixou o colégio para fugir do apelido e eu fui transferido para um mais fraco sem possibilidade de passar de ano.
Parando para pensar, meu ponto alto daquele ano letivo foi um apelido cruel que me fez popular, vejo quanto fui idiota e percebo que toda essa conscientização de hoje sobre o bullying é fundamental. O universo escolar pode ser agressivo, lembra um reino animal onde a fera acha melhor ferir que ser ferida, e no fim todo mundo acaba ferido. No momento da vida que esta moldando seu caráter pode ser difícil perceber o peso de uma brincadeira, e tem gente que cresce sem noção disso. Desde cedo é necessário cuidado no humor, pois a piada pode ser dona de todas as gargalhadas do momento, mas pode também causar uma ferida profunda no ego de alguém.

Um comentário:

  1. Acho que todos os adolescentes são malvados. A sua atitude não foi exclusiva ou original. O que irá diferenciar um adolescente do outro é a forma e a intensidade na manifestação dessa malvadeza. Você bem lembrou o que é o pior: gente que cresce e não se dá conta de que é necessário amadurecer e ajustar o foco.
    Um beijo, Karina.

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