segunda-feira, 20 de junho de 2011

O padrinho.

Divaldo Viana adentrou a comunidade semana antes da eleição e foi recebido com certa animosidade.
-descarado, nessa não tem meu voto! Gritou Jurandir.
-mas o da sua mãe eu tenho! Devolveu célere o político.
-pior qu
e a velha vota mesmo! Lamentou o filho abatido pelo cinismo.
O candidato prosseguiu gastando charme, uma criança remelenta no colo e um cortejo de pinguços. Pela frente um desafio, convencer Boca de burro, sujeito influente do pedaço a ser um cabo eleitoral.
-Tenho doze votos só no barraco, quero três vagas de cobrador para os meninos! Chantageou o nordestino.
-papel e caneta, já estão empregados! Divaldo escreveu do próprio punho um bilhete pessoal para o dono da Viação Andorinhas. ‘Caro amigo Virgílio, peço que aceite em sua empresa meus três afilhados, figuras da minha estima e confiança’.
Deixou a favela dominada depois de tamanha generosidade. O final de semana foi de goleada nas urnas, e na segunda, a família orgulhosa do deputado eleito foi na empresa de ônibus reclamar seus empregos. No endereço bateram demoradamente no imenso portão de ferro, enfim abriu uma janelinha.
-pois não! Atendeu um homem fardado aparentando ser o segurança.
-vinhemos entregar isso pro doto vigilo! Gaguejou Boca de burro.
O sujeito levou o papel aos olhos por alguns segundos.
-aqui não tem nenhum Virgílio meu senhor, e vão circulando que hoje não é dia de visita! Fechou a janelinha, deixando os desempregados pasmos diante da penitenciária do estado.
No fim resta a mesma história centenária, quando alguém insiste em um absurdo é chamado de louco, mas quando um louco convence muita gente passa a ser chamado de líder!

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