quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Passeio na praia


Viajo longe namorando o mar. Paquero as colegiais matando aula no calçadão, malicia, beleza suave. Percebo que alegria tem muitos donos, angustia um só motivo. Perto do mar não preciso ser nada, leve como o vento, presente e invisível como a maresia. O cheiro de sal, o agressivo toque da arrebentação, o óbito do sol no horizonte. Horas parecem minutos, onde não tenho cor e nem juízo. Fico um pouco ausente da realidade, do sofrimento na hora de sair da cama, da busca de um propósito, temendo os olhares, as questões. Ressaca da alma, sem forma e sem jeito apenas desespero.
Aguardando iluminar a orla, um sorriso me surpreende, traz uma alegria sem dor, uma certeza na vontade. Impossível não me envolver, era o momento, o desafio.
-como se chama? Perguntou a dona de olhos azuis que traziam pra noite o encanto do mar. Nesse momento poderia ter qualquer nome, ser qualquer coisa, tudo ou nada.
-meu nome é Vera! Respondi com a sinceridade da certidão de nascimento.
Sem uma palavra ele pegou minha mão, me senti pronta, protegida da matéria ao espírito, acolhida pela certeza. Deixei o medo no caminho e fomos de encontro às diferenças.

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