segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

Cuide bem do seu mascote




Boca de bueiro era proprietário de uma bela casa de aves na alameda. Lugar encantador tinha ração, peixe ornamental, hamster, tudo para fazer a alegria da criançada. O dono vivia para as mulheres, drogas e bebidas, um pandego no meio da natureza engaiolada. O pai aposentado de muitas posses bancava as extravagâncias para evitar o ócio do vagabundo que aparentava um futuro negro. Era uma besteira atrás de outro, sem pudor promovia festinhas dentro do estabelecimento com amigos e putas sob olhares perplexos de clientes. Acidentes faziam parte da rotina, periquito que fugia, coelho assassinado, sobrava sempre para mercadoria, viva ou não. Tinha um boato que boca vendia bagulho escondido na ração, mas nunca foi comprovado. O absurdo maior ocorreu em uma festinha num sábado de manha, um calor de rachar a cuca a freguesia era atendida entre copos de cerveja que boca revezava com um casal de amigos, horas depois o estoque da birita chegou ao fim e os embriagados resolveram improvisar diante da clientela chocada, sobrou para o líquido de dentro do aquário do beta. Em pequenos recipientes os solitários peixinhos viviam seus últimos momentos, mesmo com fama brigão que luta contra o próprio reflexo no espelho não intimidaram os doidos. De uma só golada a água descia com peixe e tudo. Um beta mais bonitinho que o outro, lutando goela abaixo antes do último suspiro. O novo drink não deu onda, mas causou uma dor de cabeça danada. Denunciados os bêbados quase foram linchados pela crueldade, a sociedade protetora dos animais fechou o local do crime e boca de bueiro ganhou férias eternas para alegria dos bichinhos de estimação.

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