terça-feira, 2 de março de 2010

A muié do lobisomem.


No alto da colina vivia Bernardo o lobisomem, proprietário de um terreno que reunia duas dúzias de casebres e sua bucólica residência com natureza por todo lado. Uma linda pedreira onde a tímida favela até então tinha dono, comparada com e explosão de favelas dos morros cariocas. Barraco lá tinha apenas o velho como proprietário, temido com suas histórias horripilantes, causava medo e cobrava o aluguel de porta em porta. O índice de inadimplência era pequeno, pois dizia à lenda que o despejado não abandonava apenas o lar e sim desaparecia para sempre no bucho do velho lobo. Comentavam que muitos tiveram esse triste fim, mas como pobre tem por consequência ser corajoso vez por outra aparecia um desgraçado que não podia comparecer com o aluguel e vivia o temor de enfrentar a fera, caso de Olívio, apaixonado pelos prazeres da cachaça, enfrentava seu medo com a coragem etílica e já enrolava alguns meses, o comentário era que o idoso salivava imaginando os ossinhos de pouca carne do biriteiro. Olívio gritava pelas biroscas da vida que não temia bicho nenhum e que na noite de lua cheia a fera iria parar de uivar na ponta da sua peixeira, como a valentia de um ébrio nunca é a mesma de um sóbrio, em noites enluaradas sem birita tremia de medo debaixo do encardido cobertor. A esposa Edna, nordestina destemida não temia a besta, sua vida tinha muitas assombrações para se preocupar, se o marido fosse devorado oitenta por cento desses conflitos iam parar no estomago do peludo, mas tinha consciência que indo para sarjeta não ia conseguir lugar decente como aquele para um pobre morar, sem medo de trabalho resolveu enfrentar o monstro oferecendo seus serviços de domestica em troca da divida. Tamanha atitude tocou o à fera que com noventa e poucos anos não parecia virar nem um cãozinho lazarento. Se sentido amparado pela primeira vez desde que a falecida o deixou há quase quarenta anos, Bernardo fez da valente Paraíba sua governanta, mas para língua do povo a mulher do lobisomem. Edna adquiriu respeito em toda região, causando tanto medo quanto. Terror era limpar o casarão que muito tempo acumulava todo tipo de sujeira, depois veio à autonomia de enfrentar os inquilinos que sentiram na pela a verdadeira assombração, impiedosa expulsou o marido bebum na base da porrada para dar exemplo, vendo a surra o povo disse que o bucho do bicho seria melhor fim. O lobo domesticado morreu sorrindo junto com suas temidas histórias, sem herdeiros incontestavelmente seus espólios passaram para a Edna que dignamente abandonou de vez a pobreza sendo a senhora do morro. Arrependimento não tinha nenhum, pois era mais feliz sendo viúva do lobisomem que mulher do cachaceiro.

Um comentário: