terça-feira, 10 de novembro de 2009

Lei seca, eu reprovo



Marcos era a favor da lei seca. Acreditava que, inibindo o consumo do álcool, reduziriam acidentes. Sentia uma satisfação particular em imaginar os “bebuns” desmoralizados no bafômetro, perdendo carteira, sendo multados. Não entendia o prazer de uma cerveja gelada, nem em usar o álcool como forma de descontração. Nunca precisou disso e batia palmas para Lei Seca implacável. Gostava mesmo era de bater um tambor. Batia ponto, de quinze em quinze dias, em uma “curimba” animada no seu bairro.
O candomblé varou o começo da madrugada. Falou com a entidade que usou um senhorzinho grisalho, com cara de sacana, como “cavalo”. Depois do papo, o Tranca Rua ofereceu a cachaça que bebia. Deu um gole, não era doido em recusar.
Pegou a alameda de volta para casa e se deparou com uma blitz enorme dos seus amigos da Lei Seca. Mandaram seu carro parar. Depois de mostrar os documentos foi solícito ao fazer o teste do bafômetro. Álcool detectado, susto para o sóbrio Marcos. Quando levantou a voz, para duvidar da seriedade do bafômetro, lembrou da cachaça do santo. Carro apreendido, pontos na carteira e multa. Tudo devidamente computado pelos amigos da Lei Seca.
Ia ser patético explicar a artimanha causada pelo Exu.
Ficou com seu prejuízo como qualquer outro bebum.
Lei seca, não aprovo!

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