quarta-feira, 25 de novembro de 2009

O frentista ninja


Mauro não curtia festa à fantasia, mas resolveu fazer dela o programa do seu sábado já que, no evento, a bebida era inclusa no preço do convite e as pessoas escondidas em trajes cômicos. Conseguiu uma roupa de frentista e entrou no espírito carnavalesco da noite. Gilda amava festa à fantasia e ver a criatividade nas alegorias. Passava semanas criando a sua própria; imaginando o sucesso que faria.
Alguns vetos e diversas doses vodka depois, Mauro pertencia à estatística do bêbado e tinha a noite como perdida quando surgiu Gilda na sua exuberante fantasia de doméstica. Unindo o calor da noite com o fetiche do menino que sonha conquistar uma diarista, começou o assédio.
A noite terminou em beijos na pista de dança. A coisa começou a esquentar e saíram de fininho em busca de lugar tranqüilo para namorar. O frentista e a doméstica vagaram pela madrugada a procura de uma alcova.
Aos primeiros raios de sol, encontraram o ninho de amor. A atendente ofereceu um quarto simples, deixando de lado os detalhes que Mauro não recorda. Desabou, roncando, depois e algumas horas de caricias. Despertou ainda um pouco bêbado, com a cabeça latejando e nada na memória da noite passada. Suou frio quando se viu nu e acompanhado através do espelho no teto.
A doce Gilda sorria, observando o despertar do assustado acompanhante da esbórnia.
O impiedoso espelho denunciava mais de cem quilos mal distribuídos em um corpo feminino.
-Acordou meu bem? Saudou Gilda, ao provável futuro marido.
-Vou tomar um banho! Comunicou dirigindo-se ao banheiro.
Mauro respondeu com um aceno sem graça. Sua cabeça, atordoada, raciocinava apenas no jeito que daria para livrar-se da situação. A mente sequelada escolheu a forma menos delicada de resolver o problema. Enfiou-se no uniforme de frentista e como um ninja desapareceu. Na verdade, o ninja frentista pulou o muro de trás do motel.
Sóbrio, percebeu o quanto à razão do bêbado pode ser cruel. Abandonou a bebida e festas que solicitavam fantasias.

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