quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Passarinho



Na década de oitenta, Niterói e São Gonçalo conviviam com o medo de um grande justiceiro. Um cara cheio de “parada” errada e cuja principal característica era matar. Fazia isso rindo, por qualquer motivo, qualquer dinheiro. O terror da policia, ladrão e maconheiro atendia pelo cândido apelido Passarinho.
Numa época de bandidos românticos, era possível andar pelas ruas de madrugada, beber cerveja quente em festa americana, sem estrelar a primeira página dos jornais, de cinqüenta centavos, como cadáver.
O jovem era dono da madrugada com suas brincadeiras bobas, normalmente causadas pelo teor alcoólico exagerado. Cláudio, acima da média, no quesito loucura, curtia o sábado com o seu fiel escudeiro, Carlinho.
A festa era em São Gonçalo. No trajeto, cerveja, velocidade e um carro ao lado “abarrotado” de mulheres, ótimo motivo para iniciar uma perseguição implacável. Só que as mocinhas desinibidas não estavam sozinhas no veículo: havia um tiozinho na direção.
-Aí coroa, tá cheio de mulher! Passa umas pra cá! - brincou Cláudio, enquanto Carlinho puxava na memória de onde conhecia aquele senhor tão familiar.
-Gostou garotão? Quer vir buscar? - deu corda o “cinqüentão” com um sorriso cínico, que Cláudio não foi capaz de perceber, mas estremeceu toda a estrutura de Carlinho.
-Cláudio, é Passarinhoooooo! - gritou Carlinho pálido. Lembrou do baile no qual os amigos apontaram aquela figura, como o famoso matador.
Cláudio não teve tempo de mudar de cor, cantou pneu e só desacelerou quando viu que não foi seguido.
Ficou no susto. Os dois ficaram bom tempo com medo de reencontrar Passarinho pela noite.
O matador, provavelmente, levou na esportiva. Afinal de contas, era muito alpiste para apenas um passarinho.

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